sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Porto de Setúbal aposta na ferrovia

in Transportes em Revista de 07/11/2008 por Alexandra Vieira

A APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra irá investir cerca de 20 milhões de euros no desenvolvimento do projecto de ligação ferroviária ao Terminal Termitrena (antiga Eurominas), incluindo expropriações. De acordo com a APSS “o Terminal Termitrena movimenta, actualmente, mais de um milhão de toneladas de granéis sólidos, havendo uma previsão de acréscimo no movimento, de um a um milhão e meio de toneladas por ano, caso seja utilizado pela Siderurgia Nacional, no âmbito de uma maior necessidade de matérias-primas, resultante do esperado aumento de produção. A APSS prevê incrementar a sua aposta na ferrovia, para que esta esteja operacional em 2013.” Esta nova ligação ferroviária à zona da antiga Eurominas dispõe de um potencial para aumentar em 20 por cento o actual movimento ferroviário nacional de mercadorias.

Laitau - Embarcação específicas do Sado

A palavra não é registada nos dicionários. Se bem que usada por todos os marítimos do Sado, parece não ser conhecida fora da região, talvez porque a embarcação que designa tenha tido uma vida local e curta, ou porque a designação é recente. O Laitau era uma embarcação de madeira, destinada a carga, com as dimensões:

Comprimento fora a fora - 12 a 16 metros
Boca - 3,6 a 3,8 metros
Pontal - 1,0 a 1,3 metros

Tinha armação de cuter com um só mastro, vertical, onde envergava com arcos uma vela grande, sem retranca, com duas a três ordens de rizes e uma vela de estai amurada no gurupez. A enxárcia era idêntica à do iate.

O casco era semelhante ao do iate. Assim, tinha a mesma popa ogivada, o típico beque e gurupez, convés corrido com duas grandes escotilhas para a carga e duas pequenas para os alojamentos. A proa, muito bojuda, era muito semelhante à do iate.

O berimbau (varão de escota) ao contrário do do iate, não estava fixado no cadaste mas sim mais à vante, nas bordas falsas. É um pormenor importante por poder permitir distinguir os restos de um laitau de um iate.

Na estatística do movimento da barra de 1871 a 1876 não se registam laitaus, o que faz supor que tinham outra designação. Sem, contudo, se saber optar por qualquer das outras registadas. Teriam todos aparecido posteriormente, por transformação de iates, como efectivamente aconteceu com alguns? Há aqui a esclarecer a origem relativamente recente e talvez súbita, quer da embarcação, quer da designação.

Quanto à designação, poderá ser uma corruptela da palavra inglesa "lighter", batelão, visto os laitaus fazerem por vezes o serviço de batelão. Em 1933 há, na Capitania do Porto de Setúbal, registo de três laitaus na navegação costeira internacional, se bem que raramente ou nunca a fizessem.

Na navegação fluvial a tripulação era constituída por dois homens e, na fase final da sua luta pela economia, por vezes, por um casal já idoso. De acordo comum construtor de 80 anos, cerca de 1925 ainda se teria construído um laitau. Actualmente existem meio enterrados na lama restos de 3 laitaus, além de um quarto, o "Malagueira", quase completo, se bem que irrecuperável. Este último é um exemplo, reconhecível pelos dois berimbaus, da transformação de um iate em laitau (antigo iate "Sto. António").